De página em página. De lugar
em lugar. De pessoa em pessoa. Tudo continua a cansar-me. Para quê isto? De
novo a questão. Para quê isto? O pôr-do-sol que espreitei não me chega! O canto
dos pássaros lá fora não me chega. As cores do céu não me chegam. Nada me
chega! O poder está em mim. Eu posso, eu quero, eu sou capaz. Quantas vezes
repito isto de mim para mim? O pensamento que desfaz, que faz, que pesa. O
pensamento que pesa demais. O desassossego que marca de negro cada instante. Eu
sei. Eu sei porque estou assim. Hoje vi-o. Cruzámos um olhar que não se tocou,
que não se aproximou. Trocámos na distância suficiente um olhar que não se
cruzou e não se tocou. Eu sei. Eu sei porque estou assim. Esperava sem esperar.
Esperava sabendo que nada havia por que esperar.
De página em página. De lugar
em lugar. De pessoa em pessoa. De hora a hora. Nada me satisfaz. Quero sair daqui.
Ir embora. Vais-te sempre embora. O meu coração disparando o vazio. O vazio da
emoção. A emoção que não me emociona. O lugar que não é meu. O lugar que não
sei qual ser o meu. Esperava sem esperar. Sabia que não havia nada por que
esperar. O z que se quer espraiar no nome que por si se inicia. O nome que não
quero. O nome que não quero proferir. O não que não quero expressar. A apatia
que me encerra. A apatia que não me preenche. O passado que não tem que ser
emendado. Nada a esperar. Vais-te sempre embora. Quero ir embora. O desespero
de não saber para onde. Onde? Ir para ficar. Ficar onde? Onde? Porquê? Para quê? Além. Lá longe.
As horas passam por mim. O tempo
desafaz-se em mim. Lá longe. Além. Os amores, o maior bem? Cuidado com o que
desejas. Ao longe alguém escuta os teus pensamentos pensados.
De página em página. Não
estou em lugar nenhum. As camadas que se descamam. O espaço que não há em mim. Qual
o sentimento que há em mim? Nenhum. As horas que passam por mim. O mundo lá
fora, fora de mim. O que me move? Nada. Nada me move. Estou parada. Esperando,
sabendo que neste caso não havia nada por que esperar. Não fui. Vou embora. Vais-te
sempre embora. Qual o sentimento profundo que há em mim? Nenhum. O meu ser
desancorado. O que me move? A âncora que se desancora continuamente. Contínua e
continuadamente desancorada no tempo e no espaço. O tempo que passa por mim. O espaço
que não encontro para este ser. O espaço que há a mais em mim, sem que qualquer
sentimento se sedimente neste ser pleno de espaço vazio.
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