quarta-feira, 22 de maio de 2013


A poesia é provavelmente um estado criativo extraordinário. Aquele que alcança a sua realidade expressando-a em palavras é um ser privilegiado. A arte de expressar na escrita a emoção e sentimento que perpassam momentaneamente no coração aproxima o ser da sua divindade infinita. O canto do seu ser no silêncio da redacção. A plenitude de quem voou pelas suas asas sob um céu no crepúsculo. Planar em si, para si, até ao infinito de si. Talvez a felicidade corporalizada na fusão do ser com o todo. O nada no todo que flui para a concretização da totalidade divina.
Deve ser essa a chamada do ser mais privilegiado. Aquele que se libertou das amarras daqueles que o queriam prender. Aqueles que sem despertar, permanecem adormecidos acreditando que aquele outro sonha. Sabem eles, assim entendem, que o sonho é para os ingénuos, para os loucos. Aquele que se libertou das amarras daqueles que o queriam prender não sonha. Despertou, antes. Acordou. Está desperto e voa na realidade que percebe. A sua realidade. O sonho para os outros que se creem despertos.
Aquele que se libertou das amarras daqueles que o queriam prender, porque atento, escutou. Escutou a chamada. Porque atento respondeu e vive no chamamento. Vive sem medo. Vive com a certeza profundamente sentida que está protegido. Como não? Porquê o medo se a existência é amorosa e compassiva? Porque não haveria de o ser com esse que despertou e voa, planando, na realidade que lhe é concedida. Sem nada fazendo que não fluindo na própria existência. Porquê o medo se a existência é amorosa e compassiva? Fluindo. Aqui, agora. Porque a existência é aqui e agora. Apenas e tanto no presente. O presente.
A imensidão do presente que se perde na nulidade do passado que desvaneceu e no futuro nulo do porvir que pode não vir.
A poesia. O poeta que chegará para expressar a tranquilidade que assola este ser e que canta as cores que tem o privilégio de assistir, contemplar, sentir. As cores da arte divina que se expandiram na tela do firmamento. O crepúsculo de um dia de primavera pintado pelo amor celeste e aclamado pela sinfonia das aves que habitavam esse presente. Obrigada!
Obrigada, pois pressinto que esse poeta está no seu caminho. Quando chegar descreverá a paz experienciada enquanto contemplava da minha varanda o Universo de que faço parte. Obrigada! 

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