sábado, 21 de abril de 2012

Adele

Ouvindo a música de Adele, Mariana tinha dificuldade em estar atenta à estrada. Chovia muito desde que saíra da Casa Barbot. Tinha sido convidada para expor as suas últimas obras num lugar tão aristocrático. Ainda está surpresa por alguém se ter lembrado que tinha um conjunto de peças de joalharia acabadas de preparar. Sim, estava feliz. Era reconhecida. 
A música de Adle continuava fervorosamente pelos seus pensamentos. A chuva continuava a cair formando densos e perigosos lençóis de água na estrada.
Mariana estava em êxtase. Eram muitas as novidades para contar a Fernando e Sofia. A suas mensagens carinhosas atravessavam-se com a gaivota que tentava voar à sua frente enquanto conduzia. A gaivota lutava contra o intenso vento e voava, voava. Já não tinha forças para se impor à imensidão do céu e das nuvens negras ainda carregadas de água.
Adele continuava a dizer que estava desolada e incapaz de seguir a sua vida depois de tantas promessas em vão. As promessas não foram em vão quando telefonaram a Mariana para que expusesse as suas jóias. 
Mesmo feliz, as suas recordações da tarde com Sofia permaneciam no seu semblante algo carregado. A música de Adele, a tarde com Sofia. A exposição na Casa Barbot, tão aristocrática.
A chuva continuava a deitar-se na estrada. A estrada que seguia até ao restaurante. Que jantar a esperava? Quem estaria no restaurante e qual seria o jantar? O jantar no restaurante, a música de Adle a tocar e as mensagens carinhosas.
O carro seguia em automático e a gaivota tentava voar.
Mariana queira voar, voar. Mariana queria voar. Voava!

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